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Bravura Indômita (Joel e Ethan Coen, 2010)

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O western revisitado... Em sua cinematografia recente os irmãos Coen são reconhecidos pela alta dose de ironia e humor negro em seus filmes, en charcados em seus dramas/comédias. Ao to mar como exemplo alguns filmes recentes da dupla: "Onde os fracos não tem vez" (2007) e "Queime depois de ler" (2008), temos uma forte evidência desses elementos, presentes até mesmo em m omentos de profunda dramaticidade. Mas nesse novo filme, "Bravura Indômita" (2010), refilmagem do clássico de 1969, dirigido por Henry Hathaway, baseado no romance de Charles Portis, esses elementos foram deixados de lado e o que prevalece é um certo "retorno as raízes", mas não raízes da dupla e sim do cinema clássico consagrado dos anos 1950: o Western. Esse gênero já havia sido explorado pelos Coen em "Onde os fracos não tem vez", mas naquela o casião foram acrescentados elementos "modernos" á narrativa, ou seja, o filme era um faroeste, mas se passava nos

Um lugar qualquer (Sofia Coppola, 2010)

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Entre o aprisionamento e a alforria de um personagem Dois minutos e vinte segundos. É esse o tempo que Sofia Coppola precisa para apresentar Johnny Marco, o personagem princip al de Um Lugar Qualquer ( Somewhere , 2010), seu novo filme. A seqüência inicial, em único pl ano , mostra uma Ferrari preta – que mais se ausenta do que se faz presente no enquadramento – dando voltas em uma pista perdida no meio do deserto. O veículo é concretizado muito mais pelo som do que pela imagem, jogando com a distância da Ferrari em relação ao ponto de vista do espectador e também com o formato da pista, à medida que é possível perceber os momentos de aceleração e desaceleração do carro. Depois da repetição quase incômoda das voltas que a Ferrari faz, o veículo finalmente pára – nesse caso, dentro do enquadramento – e dele sai o personagem em questão. E, apesar do momento pedir uma manifestação de fortes emoções, Johnny, blasé, apenas pára ao lado do carro, olhand o calmamente um lado e outro do deser

Minhas mães e meu pai (Lisa Cholodenko, 2010)

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Filhos de mães lésbicas querem conhecer "O doador de sêmen" A premissa é simples, a filha mais velha Joni (Mia Wasikowaska), ao completar a maioridade, encoraja o irmão mais novo Laser (Josh Hutcherson) a encontrar o pai biológico do casal, sem que "as mães" Jules (Julianne Moore) e Nic (Annette Bening) saibam. A partir de uma ligação, os filhos descobrem quem foi o "doador" e propôem um encontro. A partir disso se iniciam diversas situações que vão tomando proporções cada vez mais catastróficas. De início, somente os filhos fazem um contato com o pai biológico, Paul (Mark Ruffalo), mas logo as "mães" ficam sabendo e também decidem conhecer o homem, marcando um almoço com caráter "familiar". Jules trabalha com jardinagem e decide ajudar no novo estabelecimento de Paul, que administra um restaurante. Eles iniciam um contato mais amplo, enquanto os filhos vivem um novo momento em suas vidas, a presença do ser masculino é recente e gera ba

Inverno da Alma (Debra Granik, 2010)

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Filme independente americano surpreende com fortes interpretações. Antes de falar do filme de fato, acho importante salientar que não existe nenhuma grande distribuidora por trás dessa produção, exatamente como vem acontecendo com alguns filmes indicados ao Oscar de melhor filme nos últimos anos, a exemplo de Pequena Miss Sunshine (2006) e Juno (2007) . Eu gostaria de achar que o Oscar está proporcionando uma maior abertura para produções independentes, gostaria. Mas de qualquer forma o filme chamou bastante atenção pelo fato de ter vencido o Prêmio do Júri do Festival de Sundance e o Gotham Awards, além de ter sido exibido e vencido dois prêmios no Festival de Berlim . Inverno da Alma conta a história de uma menina de 17 anos, Ree Dolly (Jennifer Lawrence), que toma conta dos dois irmãos menores e de sua mãe doente. Logo de início ficamos sabendo que seu pai desapareceu no mundo e deixou sua família, mas agora o pai precisa retornar e comparecer em uma audiência judicial o

A rede social (David Fincher, 2010)

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Ou como o mundo aprendeu a cultuar alguém que passou por cima de todos para atingir seus objetivos. A premissa é básica e conhecida: a história do criador do Facebook, Mark Zuckerberg. O filme já começa num ritmo alucinante, em um bar, quando Mark conversa com uma garota, e pela velocidade da conversa ficamos por dentro do universo tratado indic ando logo de cara que o ambiente multimidiático da internet está incorporado ao fime. Na história, Mark é um inteligente nerd excluído que passa mais tempo na frente do computador do que fazendo qualquer outra coisa e aos poucos vai descobrindo que as pessoas se interessam muito pelas redes virtuais, pelo fato de poderem interagir na "web", contar sobre suas próprias vidas na internet, em um lugar onde todos os seus "amigos" possam ler e comentar. Com a ajuda de seu amigo Eduardo Saverin, eles criam o "TheFacebook", um site de relacionamentos que começa de maneira modesta, apenas dentro do ambiente universitário. M

Filmes em 1ª pessoa

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Rec, Rec 2 e a questão do ponto de vista... No prime iro filme da agora constituída franquia "REC" (Além do segundo filme que já foi lançado, teremos mais outros dois, prometidos para a segunda metade desse ano), uma repórter, e seu fiel cameraman "Pablo" decidem acompanhar um dia de um grupo de bombeiros, fazendo uma reportagem para uma TV espanhola. Eles então recebem um chamado, vindo de um prédio, onde uma mulher ficou presa em seu apartamento, e lá descobrem uma ameaça muito maior. Independente do acontecimento estabelecido dentro do filme, a discussão que proponho aqui é sobre, exclusivamente, o ponto de vista. Durante todo o tempo fílmico, a visão que é estabelecida para nós, espectadores, é a do cameraman Pablo, nosso olhar é guiado por sua câmera de reportagem, unicamente. Quando a câmera é desligada, temos um black, não existe um corte para outra câmera, enfim, somos Pablo, e essa é nossa única opção, somos obrigados a nos identificar com um único personag

A internet como ferramenta de publicação e divulgação I

A famosa afirmação de McLuhan, “o meio é a mensagem” , pretendia fazer um contraponto para a leitura tradicional dos meios como simples canais de passagem ou suporte aos conteúdos. A tese de McLuhan é a de que, longe de ser “transparente” ou inerte, o meio influencia a interpretação da mensagem e é determinante para a geração do conteúdo . Lamentavelmente, ele faleceu exatamente no momento do surgimento da Internet, um projeto ambicioso iniciado nos anos 60 e consolidado no início da década de 80 com a adoção do protocolo universal de comunicação entre computadores (TCP/IP). Talvez a internet não seja a principal criação do momento em que vivemos, mas sem dúvidas representa uma mudança na forma pela qual nos comunicamos e é a demonstração cabal da tese de McLuhan. Entre palavras como convergência, web, rede de computadores, e-commerce, busca de informação e redes sociais, o que é a internet? Uma plataforma de entretenimento; uma ferramenta de trabalho; um meio de comunicação? Ela pode