Onde escondemos o lapela? (esconder, colocar o lapela)

Uma dos erros que mais pode rolar em relação ao som no cinema é o aparecimento do nosso pequenino na imagem. O lapela é um pequeno microfone que serve exatamente para ficar o mais proximo possível da boca do personagem, sendo o microfone responsável por captar a fala.
O que acontece muitas vezes é que estamos quase terminando de montar o set de filmagem quando alguém vira-se para a equipe e pergunta: onde eu boto o lapela?

O que o lapela tem de bom em relação ao shotgun (o microfone que fica na vara de boom) é que ele é mais "duro": capta muito mais o que está proximo dele e muito menos o que está distante, portanto ele é ótimo para cenas externas.

normalmente o sistema de lapela consiste em três partes: o microfone (que tem um cabo, o que pode atrapalhar um pouco), que liga em um transmissor (o treco que fica na cintura, mas em uma cena que os atores ficam sentados ele pode ficar no chão, na mesa, ou em qualquer lugar que não apareça mas facilite a transmissão) e um receptor (que fica preso na camera ou no lugar para onde vai o audio).
Bem, existem vários lugares para colocar o lapela e ele depende muito da roupa que o ator esta usando. um bom lugar seria exatamente na lapela da roupa, atrás dela, mas nem sempre rola. Outra coisa que importa muito é onde está a camera, porque se a camera captar o lado direito do ator você pode colocar o microfone do lado esquerdo e vice versa.
Um ótimo lugar, mas meio maluco é colocar no cabelo (tem que ter uma quatidade razoável de cabelo e tem que ser preto, castanho...) e passar o fio pelas costas. o importante é tentar manter o mais perto da boca possível, pois caso contrário ele não vai captar a fala. no caso de uma camiseta você pode prende-lo dentro dela perto da estampa, e se não rolar uma estampa pode ficar perto de alguma dobra da roupa, mas lembre-se que pode comprometer um pouco o som graças ao barulho que a roupa faz ao raspar no corpo do ator. no caso de colocar o lapela dentro da roupa é melhor que a cena não tenha muita movimentação do ator.

Se você tiver apenas um microfone de lapela (aqui no Brasil pode rolar bastante...) o ideal seria você colocar o microfone na pessoa que tem falas mais importantes ou colocar no personagem com menos potência vocal e um pouco mais abaixo do habitual, que seria no peito.

ao decupar a cena não se esqueça dos microfones, caso o contrário nem leve o microfonista e nem o técnico de som (é uma boca a mais para alimentar...)

amanhã coloco alguns exeplos em vídeo para vocês verem.

um abraço!

*Guilherme Ferrari é colaborador do Audiovisueiros

Comentários

zuleica-poesia disse…
Gui- dá uma vontade de acompanhá-lo nas suas filmagens e ver as coisas acontecerem!... Abraços
Flavio Ferrari disse…
O importante é não perguntar durante a filmagem:
- mas onde é que eu coloco isso ?
Udi disse…
quando vamos ter uma nova postagem?!
...até o Dysfemmismo tá mais assíduo que este aqui!
espero que a razão seja a imensa quantidade de exaustivos ensaios para o próximo domingo.
Gui Ferrari disse…
ficou faltando o exemplo...

heh

vai ficar pra outra época..
"O que o lapela tem de bom em relação ao shotgun (o microfone que fica na vara de boom) é que ele é mais "duro": capta muito mais o que está proximo dele e muito menos o que está distante, portanto ele é ótimo para cenas externas"

Olá caros colegas do audiovisual!
Gostaria que fazer algumas contribuições sobre o que li no tópico acima:

1-Microfones de lapela, assim como os shotgun, são microfones "capacitivos", o que quer dizer que entre outras coisas são mais sensíveis que os dinâmicos (de mão), por exemplo. Portanto, os "lavallier" (outro sinônimo do lapela), são pela forma de construção, mais "macios" e não "duros".

2- Geralmente, seu padrão polar (que é área de captação da cápsula dos microfones, também chamado "cobertura")é Omnidirecional (pronucia-se ONIdirecioanl), quer dizer todas as direções. Isso quer dizer que capta "igualmente" em TODAS as direções e isso o torna uma opção mais adequada para um ambiente controlado, como um estúdio por exemplo.
Imagine-se gravando um diálogo no meio de uma avenida movimentada ou próximo a uma construção! Quando for editar o som, fatalmente o seu diálogo estará CHEIO destes sons periféricos. Se for este o seu objetivo, ótimo. Mas se o seu filme precisa de um som de diálogo limpo o shotgun é a melhor opção por dois motivos: Pela forma de contrução dos mesmos, com tubo de interferência e por
termos mais padrões polares disponíveis neste tipo de "mic", como cardióide, super e hipercardóide, com um ângulo de cobertura cada vez mais "fechado" tornando-os mais UNIdirecionais. Há microfones de lapela com padrão polar cardióide, porém com preços mais elevados. Mas o mais comum no mercado são mesmo os omnidirecionais. Vemos isso facilmente nos gráficos de representação do padrão polar de qualquer microfone.
Além do mais, o som dos lapelas, ainda que das melhores marcas e modelos tende quase sempre a produzir um som "chapado" e sem "vida", o que faz com que qalguns técnicos de som direto o chamem de "som de lata". Se você perguntar a um bom e experiente técnico de som direto o que ele acha do som dos lapelas vai acabar descobrindo que não há profissional de som que prefira lapela em vez do shotgun, fazendo do primeiro sempre a última opção, ou pelas limitações do quadro/plano, sombra etc. Quando não se tem mais alternativas, apela-se para o lapela (quase rimou).

Bem, espero ter contribuido um pouco e ter falado o mínimo de bobagens possível.
Abraço!
Gui Ferrari disse…
Oi Di!
Acredito que vc tenha se confundido, os lapelas em geral não são microfones capacitivos, são microfones dinâmicos, por isso a "dureza" que falei no post.

No mais acredito que você falou coisas extremamente pertinentes!
verdade verdadeira que o lapela tem um som bem "feio", mas além de "feio" ser um atributo relacionado ao gosto não define com precisão a qualidade do som. enfim, conversa longa essa daí!
Muito obrigado pela sua contribuição, Di!

abraço!
Não me confundi não, pelo contrário!

TODOS os bons microfones lavalier ou de lapela, são CAPACITIVOS, CONDENSADORES ou CONDENSADORES A ELETRETO, uma variação onde uma carga de polarização permanente é impressa ou na placa posterior ou no diafragma durante a fabricação.

Qualquer pesquisa rasa (na internet mesmo) nos mostrará que as melhores marcas e modelos de lapela do mercado (Countryman, TRAM, DPA, Sanken, Sennheiser, Audio-Technica e mesmo os Sony) são fabricados com elemento ou princípio transdutor CONDENSADOR (ou a variação de eletreto).

Os microfones condensadores são mais sensíveis, têm diafragmas de baixa massa (podem ter a espessura de um fio de cabelo!), pesam muito menos que os dinâmicos, têm ruído mecânico ou de manipulação mais baixo, podem ser muito menores e por isso podem ser miniaturizados!

Alguém já viu, ou melhor, ouviu um dinâmico em miniatura? Pode até existir, mas com certeza não vai soar bem e até onde sabemos, as tentativas de miniaturizar microfones dinâmicos resultaram em tragédia sonora pois eles apresentam diafragma de maior massa, maior ruído de manipulação, perda acústica geral e nível de resposta muito baixa para baixas frequências.

Segundo a Audio-Technica, uma das maiores e melhores fabricantes de microfones (e uma das minhas preferidas!) os condensadores são a escolha ideal para microfones shotgun, de lapela e microfones em miniatura de todos os tipos.

Essas informações estão disponíveis e qualquer que tiver o interesse de se aprofundar no campo do áudio/som vai aprender a ler esses detalhes técnicos e que os microfones diferenciam-se basicamente pela forma como convertem o som em energia ou tensão elétrica (elemento dinâmico ou condensador - existem ainda microfones que usam uma fita de seda muito fina ou o carvão mas estes estão em fora de uso) e pelo padrão de captação ou direcionalidade (omni, cardióide, supercardióide, hipercardióide etc.)

Já o padrão polar ou direcionalidade desses microfones podem variar e variam.

Os sistemas de lapelas sem fio em geral são comercializados com cápsulas OMNIdirecionais (pronuncia-se "ôni-direcionais"), o que quer dizer que essas cápsulas captam o som vindo de todos os lados resultando num som chapado e sem corpo (talvez seja isso o que o Gui chama de "som duro", mas que é uma característica atribuída na literatura técnica aos microfones dinâmicos).

Diferente das cápsulas direcionais ou da família cardióide, as cápsulas omni não podem produzir o chamado "efeito de proximidade", onde quanto mais se aproxima o microfone da fonte sonora mais ele se torna cheio, encorpado e grave. Comprar separadamente uma cápsula cardióide quando se compra ou loca um sistema de lapela sem fio é o ideal para ter opções adequadas de captação do som em determinadas situações, como em externas, por exemplo.

Sites interessantes:

www.countryman.com

www.bhphotovideo.com/c/search?ci=8535&N=4257447715

http://www.bhphotovideo.com/c/buy/Wireless-Systems/ci/15419/N/4257447711

http://pro.sony.com/bbsc/searchResults.do?srchTerm=lavalier&chooseTab=0&clearBreadCrumbs=true&hiddenValue=lavalier&omniturePageName=bbsc%3Acat-audio%3Awireless%3Ahome

Abraço a todos e bom som!
Gui Ferrari disse…
Obrigado pelos esclarecimentos, Di!
Geraldo Ribeiro disse…
Sem duvida o tópico está equivocado. Existem muitas variáveis elétricas e acústicas usadas na construção de um microfone e reduzi-las simplesmente a duro ou mole é errado.
Referimo-nos a microfones duros ao que têm uma tensão elétrica de saída PEQUENA para uma dada pressão Acústica, por exemplo, 100 dB spl ( lembram-se .... sound pressure level ) e um microfone mole ou macio aquele que gera uma tensão elétrica de saída maior.
Existem lapelas moles e duros do mesmo modo que existem shotguns moles e duros.
A escolha por um Sennheiser MKH 816 é a de um microfone entre médio e duro ao passo que um Neumann KMR 81 é um microfone mole.
Microfones moles são, via de regra, mais sensíveis e portanto adequados ao trabalho em condições melhor controladas ( estúdios de musica por exemplo ).
Há, entretanto, outro fator prpepoderante na escolha de um microfone: ao se escolher um KMR ouviremos um comportamento similar ao das teleobjetivas nas corridas de formula 1: o carro de trás parece estar colado no da dianteira . Entretanto, ao vermos a mesma cena com uma ocular próxima ao olho humano ( DF~ 85mm ) vemos estarem bem separados. O KMR trás o fundo mais para próximo do primeiro plano, embananando signal e fundo. Ao ser colocado em um naipe de primeiros violinos trará os segundos violinos muito para perto, subvertendo a perspectiva acústica ( pior com os cellos que trará violas e um rabinho dos contrabaixos ).

Do ponto de vista das características eletrônicas um shotgun poderá ser dinâmico, eletreto ou condensador, o mesmo se dando com os lapelas.
O microfone de “lapela tipo madona ) usado por diversos locutores esportivos são dinâmicos de modo a suportar maior nível spl ( 145 a 148 ) e, em decorrência, são bem duros. Necessitam de uma elevada pressão sonora para excitarem-se.

Os lapelas da DPA são macios. Alguns lapelas da Beyer são duros. O Sennheiser MKE2 Gold é duro, suportando pressão sonora alta antes de apresentarem distorção.

O diagrama polar não é prerrogativa de lapelas, mão ou shotguns. São fruto da característica construtiva. Deste modo temos lapelas omni-direcionais, cardióides e hiper-cardioides.
A se considerar que a denominaçnao OMNIDIRECIONAL não seja propriamente verdadeira uma vez que sempre apresenta uma atenuaçnao de uns 3 db em 16 kHz na culatra.

Outro dado importante a se considerar é a não uniformidade dos diagramas polares dos microfones ( dê uma olhadinha no diagrama do mkh 416 ou nos dos sankens CS2 e CS3. Existem ângulos onde suas culatras são mais surdas e exatamente nestes ângulos devemos deixar ficar as fontes de ruído.

O nó continua sendo ambiência ( espacialidade ) versus intelegibilidade. Embora um direcional tenha um som lindo, treas junto consigo um monte de ruídos do espaço sonoro onde se encontra imerso e via de regra estes ruídos interferem no entendimento das falas.
O lapela é a penúltima escolha pois a ultima é o lapela sem fio entretanto estes tem sido a salvaçnao da lavoura. Com a proliferaçnao do lixo 5D,7D etc quase sempre uma câmera fica em plano aberto, inviabilizando o uso do boom.
Obviamente os sem fio da sennheiser ( serie 100 ) Shure, Áudio Technica e outros lixos são umas drogas pois alem de cápsulas ruins tem circuitos de radio freqüência também ruins. Existem coisas dentro deles chamados “companders” que fazem com que a banda passante de áudio “caiba” na banda de RF. Comprime,espreme,estrangula etc e do outro lado sai um lixo.
Entretanto nem tudo estea perdido: Áudio Limited 2040, Mícron. sennheiser serie 500 etc possibilitam ótimos resultados.
Chris Munro ( 5 oscars ) diz que não consegue distinguir duas cápsulas idênticas uma com fio e outra com Áudio Limited.
Uma cápsula bem colocada, com “ar” suficiente para respirar pode gerar um excelente resultado.
Exemplos disso podem ser ouvidos no Pedra do Reino, Casamento de Romeu e Julieta etc.
do
Muito bem, mestre Geraldo!
Gui Ferrari disse…
Na dúvida, Geraldo resolve!
Muitíssimo obrigado, Professor!
ou melhor, citando o Di, Mestre!
Eu comprei um da série 500 e esta funcionando muito bem!
"ao decupar a cena não se esqueça dos microfones, caso o contrário nem leve o microfonista e nem o técnico de som (é uma boca a mais para alimentar...)"
trabalho com Captaçao de Som direto a 14 em Belo horizonte-MG e não concordo com esse pensamento de "é uma boca a mais para alimentar" um set sem tecnico de som perde na qualidade, e todo tecnico tem que ter um microfonista ou pelo menos 1 assistente. esse trabalho pra ser feito com qualidade tem que ser no minimo 2 pessoas!
Luizinho Sant'Anna
Anônimo disse…
vou fingir que nem li isso . poucar com o técnico de som !! imagino suas produções .

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