Lula, o filho do Brasil (Fábio Barreto, 2010)

Companheiros e Companheiras...

Por meio de toda a mística que existia em torno do lançamento do filme, envolvendo questões como: ano eleitoral, a mistificação do "personagem Lula", a utilização ou não de dinheiro público na produção do filme e o seu elevado orçamento (em torno de R$12 milhões) o que se esperava era praticamente uma campanha eleitoral em forma de ficção, mas não é isso o que acontece, "Lula", antes de ser um filme eleitoral, é um filme brasileiro, que capta muito bem o ideal do "sou brasileiro e não desisto nunca". O filme começa com uma peregrinação da família "da Silva", vinda do interior nordestino para o interior paulistano que nos faz lembrar um pouco o filme "Vidas Secas" de Nelson Pereira dos Santos", entretudo pela figura do animal de estimação da família, um cachorro que aqui também leva o nome de outro animal, "Lobo", mas que neste caso fica no local de origem. Depois disso, temos a luta de uma família que chega a São Paulo em busca de oportunidades, de uma vida melhor, de tentar encontrar o próprio destino. Centralizado inicialmente na figura da mãe, o papel que Glória Pires interpreta maravilhosamente bem, o filme mostra um "Luiz Inácio" filho não do Brasil, mas de Dona Lindu, uma mãe que abandona o marido alcoólotra e cria sozinha todos os filhos, a própria mãe sofrimento brasileira. No restante, temos um filme de personagem, que mostra todo o trajeto de Lula, desde o início de sua carreira como metalúrgico no ABC paulista até se tornar um líder sindical. Exatamente, o filme acaba mais ou menos 12 anos antes de Lula se tornar presidente, sendo assim, o filme tenta ao máximo fugir do viés político, construindo uma figura brasileira universal, mas de qualquer forma, no final do filme, imagens do próprio Lula assumindo a presidência da República em 2002 acabam condenando, pelo menos parcialmente, o filme de Fábio Barreto. O filme faz questão de deixar claro que não utilizou dinheiro público, exibindo logo no início o logo de todos (por volta de 15 se não me engano) os patrocinadores, e para um olhar mais treinado fica visível como o dinheiro foi gasto: uma viagem pelo Brasil, detalhamento quase milimétrico das fábricas, cenas de multidão com milhares de figurantes, além de atrizes como Glória e Cléo Pires. Longe de ser um filme excelente, ao menos superou as expectativas.


*Renan Lima é editor do Audiovisueiros

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