Rebobine, por favor (Michel Gondry, 2008)

O novo filme de Michel Gondry(Diretor de "Brilho Eterno de uma mente sem lembranças"), Be Kind Rewind (Rebobine, Por Favor) dividiu a opinião de muitas pessoas.
Alguns disseram que o filme é péssimo, um atentado ao audiovisual, outros disseram que Gondry decepcionou muito seus
fãs, que sua obra deixa a desejar. Alguns se arriscaram a dizer que é impossível assistir à 5 minutos do filme; engraçado, certa vez ouvi de um crítico, cujo nome agora não me lembro, que só se deve deixar uma sessão com 15 minutos de filme passados, que é o tempo necessário para se descobrir se um filme vale ou não a pena, 15 minutos! Não 5!
De qualquer forma, minha opinião se mostra contrária a todas as apresentadas. O filme de Gondry não deixa a desejar em nenhum aspecto: super bem acabado visualmente, com planos muito bem trabalhados, inclusive o magistral plano seqüência que nem imagino como ele tenha feito. Um roteiro de dar inveja, e um elenco de início questionável, mas de final glorificável. Até mesmo o não tão amado assim Jack Black está invejável no filme.
A história acompanha os funcionários de uma locadora que acabam perdendo a grande maioria de suas fitas por uma desmagnetização generalizada, e então para não perderem os clientes se vêem obrigados a refilmar os filmes, dando origem então aos filmes "suecados". A narrativa começa com a refilmagem do "Caça Fantasmas", um show a parte, momento de muitas risadas, com os divertidos personagens. O filme segue esse caminho, refilmando os filmes que o público mais gosta de assistir, tudo de maneira muito discontraída e divertida, sempre com um senso de dever cumprido.
A história passa tembém pelo drama: quando existe a possibilidade de se demolir o prédio onde se encontra a locadora membros da locadora e da comunidade juntam-se para fazer um filme sobre um importante jazzista, que teria morado no prédio e que portanto o teria tornado um prédio histórico, imune a demolição. Resultado? Uma exibição de cinema comovente, que levou todo o público participante ao espetáculo
. E quando quebra-se a televisão onde seria exibido o filme, improvisa-se um lençol na parte de dentro da locadora, entretanto as pessoas que estão na parte de fora também conseguem ver o filme, e se divertem com isso. Essa exibição lembra muito as exibições dos filmes na época do Primeiro Cinema, onde era tudo de maneira meio improvisada.

Enfim, eu vejo o filme de Gondry como uma grande homenagem ao cinema, e aos diretores do próprio. Uma verdadeira lição cinematográfica. Obrigado Gondry, acho que agradeço em nome de muitos...

bjs a todos...


*Renan Lima é editor do Audiovisueiros

Comentários

Nat Vestri disse…
Como pode criticar um filme desse?
Sério! Pensei que era unanimidade o fato do filme ser a peça mais amável de cinema feita nos últimos 10 anos (pelo menos!).
Bom artigo, Rê.
Tava me coçando pra escrever sobre Be Kind, Rewind. Ainda bem que vc escreveu.
E não deixem de ver o filme: o pôster é horroroso, o Jack Black é um mala mas vale MUITO a pena. Mesmo.
Maíra disse…
Sou muito muito absurdamente suspeita pra falar desse filme, principalmente porque acho que nós, gambiarra' experts por profissão/opção, nos identificamos demais com tudo aquilo.
Eu choro no final, porque pra mim faz todo o sentido. Quer dizer, esse sentimento #emo de "o cinema une todos nós, vamos fazer com o que for possível, mas não vamos deixar de fazer" é o meu sentimento de cinema. Não sabia que tinha críticas ruins, mas não culpo ninguém. Acho que não ser realizador ou não ter tentado realizar qualquer coisa pesa bastante pra assistir Be Kind, mas ainda acho que vale a pena #ficadica.

E, citando a Nat, o Jack Black é mesmo UM MALA!
Nat Vestri disse…
Má, estou pensando no que vc disse: "Acho que não ser realizador ou não ter tentado realizar qualquer coisa pesa bastante pra assistir Be Kind". Faz todo o sentido! Apesar de acreditar que é um grande programa pra qualquer pessoa, esse talvez seja um filme que fala de cinema pro cinema. É muita metalinguagem pra quem fala outra língua!

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