Quando a metáfora transborda
Saliva, de Esmir Filho, acompanha fragmentos da vida e imaginação de uma menina de 12 anos prestes a dar o seu primeiro beijo. Apesar de se tratar de um curta-metragem de ficção, Saliva se dedica não somente à narrativa, mas também ao experimentalismo com a imagem e o som.
Medo, angústia, ansiedade, nojo. Todas essas sensações são exploradas pelo diretor através de metáforas visuais e sonoras. O ato de narrar a história, os momentos que representam a realidade, como conversas em que a amiga a incentiva a beijar, se tornam apenas um pano de fundo no curta. A construção da trama e da personagem se dá principalmente por fragmentos da imaginativa mente desta menina.
O apuro técnico, seja ele visual ou sonoro, é demonstrado, de forma crescente, ao longo do curta. Na parte inicial do filme, as inserções de imaginação da personagem são pequenos toques que dão graça à trama e ajudam na construção da personagem. Porém essas inserções vão crescendo até o ponto em que quase não há mais momentos de representação da realidade. As diferentes metáforas do beijo associado com a água se tornam tão redundantes ao ponto que a trama vai dando lugar ao exibicionismo técnico.
Se por um lado há um exagero no uso de metáforas, Esmir acerta ao dar à personagem diversos momentos de respiro e reflexão, como a cena final em que a personagem aguarda a mãe em frente ao shopping.
Apesar de algum exageros, Saliva consegue retratar de forma bonita e divertida o momento pelo qual a personagem passa.
*Bruno Peres é colaborador do Audiovisueiros
Comentários
Gostei bastante desse filme, acho que ele é muito sensível e muito sensitivo também, muitas vezes as ações não acontecem no VER mas no SENTIR...
Acho que existem sim alguns exageros técnicos mais isso não atrapalha em nada a construção da narrativa...
A se atentar para a protagonista, muito linda essa menina...
É isso aí Ninho, bjão...
Como não entendo nada de tecnica,posso apenas dizer que achei de uma sensibilidade incrivel.
gostei daqui
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