Dzi Croquettes (Tatiana Issa e Raphael Alvarez, 2009)

Grupo revolucionou o cenário artístico e cultural brasileiro na década de 70...

"Bicha não morre filha...vira purpurina", a expressão, hoje popularmenta conhecida, ganha força extrema no documentário dirigido por Tatiana Issa e Raphael Alvarez, que conta a história do grupo "Dzi Croquettes", famoso na década de 70, por uma inovação teatral através da dança e da música. No contexto histórico, estamos falando do auge da ditadura militar, do AI-5, onde qualquer forma de liberdade e manifestação política era duramente reprimida, incluindo shows, espetáculos teatrais e até mesmo exibições de filmes em salas de cinema. O grupo, composto inicialmente por 13 homens, fazia shows onde a performance corporal tinha papel de destaque, eles se apresentavam vestidos de mulher ou, na maioria das vezes, semi-nus, gerando ao olhar um certo desconforto e prazer ao mesmo tempo, de uma sexualidade dúbia e andrógina, que mexia com os hormônios e com os desejos de uma platéia extasiada.O documentário relata depoimentos de pessoas diversas: atrizes como Marília Pêra e Betty Faria e atores como Pedro Cardoso e Miguel Falabela; músicos, cantores ou produtores musicais como Ney Matogrosso e Nelson Motta; além de é claro, alguns ex-integrantes do Dzi Croquettes que falam sobre o momento que o grupo surgiu, até o seu auge e o seu rompimento no final da década de 80. O filme também se preenche com imagens de arquivo dos shows e reportagens e fotos da época, conseguidos através de uma televisão alemã.Um dos momentos mais interessantes do documentário é quando alguns dos "Dzi" falam sobre a volta ao Brasil e o fim do grupo depois de passarem uma temporada na Europa, de onde iriam direto para a Broadway, mas por algum motivo (explicado de maneira muito superficial no filme) decidem retornar para fazer um show em uma fazenda na Bahia. A partir disso fica claro que houve um motivo muito maior para que eles retornassem, que não é exposto no filme.O tom nostálgico e pessoal é dado pela diretora Tatiana Issa que conviveu com o grupo durante algum tempo, seu pai era cenógrafo e amigo do grupo, e isso se dá de maneira bastante subjetiva, em voz off, com apenas 3 passagens durante todo o filme, mas que garantem um forte sentimento de admiração e reconhecimento por parte dela.Se não é inovador enquanto formato, é interessante pela trajetória desse fantástico grupo."Quando eu ficava com medo, eles vinham e falavam para eu fechar os olhos que tudo ia ficar bem, aqueles palhacinhos que enfeitavam minha vida" - Tatiana Issa.


*Renan Lima é editor do Audiovisueiros

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