Ilha do Medo (Martin Scorsese, 2010)

Depois de quase 4 anos sem dirigir uma ficção (Scorsese dirigiu "Os Infiltrados" em 2006 e realizou o documentário "Shine a Light", sobre os Rolling Stones, em 2008) Martin Scorsese retorna em grande estilo com o suspense "Ilha do Medo", Leonardo DiCaprio é o novo Robert DeNiro, formando uma parceria com o diretor em mais um trabalho. No Filme, DiCarpio interpreta Teddy Daniels, um policial que investiga o desaparecimento de uma paciente do hospital Shutter Island Ashecliffe, em Boston e conta com a ajuda de seu parceiro Chuck Aule para desvendar o mistério. A trama se passa no ano de 1954, num EUA pós-guerra, Daniels ainda é atormentado por traumas da Segunda Guerra, e aos poucos, conforme a narrativa caminha vamos descobrindo um pouco sobre esse personagem.Mesmo utilizando apenas uma ilha como "cenário" e ambientação da história, temos referências de outros lugares de outros anos que são fundamentais para o entendimento da trama, como Daniels em guerra na Alemanha Nazista e na companhia de sua mulher e filhos. Assim percebemos que durante muito tempo, ele tentou conciliar sua vida pós-traumática com a constituição de uma família, junção esta que não deu certo e culminou na morte de sua mulher e filhos. A "Ilha", utilizada como personagem no filme, cria o clima sufocante e claustrofóbico necessário para a imersão na história e causa ainda a sensação de um lugar finito, de onde não se sai e não se chega. Juntam-se a essa ilha as ótimas interpretações de DiCaprio e Ruffalo, o segundo, baseado muitas vezes nas feições e gestos do que no próprio diálogo. Fotografia e arte se conciliam para criar o ambiente sombrio e escuro, nos remetendo bastante a um clima "noir", trabalhando bastante com cores escuras e pálidas. Estes dois artifícios preparam o caminho para a montagem de uma velha conhecida e parceira absoluta de Scorsese, Thelma Schoonmaker, que por seus cortes descontínuos em determinados momentos do filme (que trabalham em função da narrativa, em cima da psiquê de Daniels), geram um certo estranhamento ao expectador mas que de nada atrapalha seu belo trabalho na criação de tensão do filme.

*Renan Lima é editor do Audiovisueiros
Comentários
Quando você se identifica com o personagem ele mostra que voce não devia.. mas ai já é tarde mais.. e ai você sofre com ele..
Muito bom.. mesmo...
=D