Os famosos e os duendes da morte (Esmir Filho, 2009)

Mais do que ver e ouvir, é preciso sentir o 1° longa-metragem do diretor Esmir Filho (premiado com os curtas "Alguma coisa assim" e "Saliva").Sentir, no sentido de captar as sensações que o filme nos permite compartilhar: as sensações daqueles jovens gaúchos, da ponte mortal, da música, dos sentimentos reprimidos, do ambiente, da calmitude, do silêncio e do "cú", este último, utilizado no filme como espressão equivalente para o "fim do mundo". Repetindo a estética desenvolvida em "Saliva", Esmir segue novamente com essa preocupação em conciliar som e imagem na criação de sensações, seja de maneira diegética ou não-diegética: uma música (elemento presente e marcante no filme), um barulho de mar, um zumbido de grilo, uma locomotiva de trem, um diálogo em off, enfim, elementos que nos fazem, mesmo que por instantes, ser aqueles personagens, sem se fazer necessário o uso da câmera subjetiva.A história se passa numa cidade interiorana, no Rio Grande do Sul, onde um Menino (denominado simplesmente menino) se comunica com o restante do mundo pela internet e vive a espectativa e a espera de um show do Bob Dylan. Enquanto isso, temos a ponte, que serve literalmente como a chave para o suícidio, muitas pessoas se jogam dela de maneira inexplicável. Paralela a essa história, outro menino, Diego, convive com a morte (pela ponte) da irmã Jingle Jangle (codinome utilizado por ela na internet), possivelmente provocada pelo ex-namorado Julian. A ponte e a cidade atuam como personagens e afetam diretamente as decisões dos protagonistas, causando uma sensação de enclausuramento e asfixia, a cidade não permite que o menino saia para conseguir ver o show e ao mesmo tempo indica o caminho da ponte, num movimento sem escapatória, nos mostrando que o destino de todos naquela cidade é, inveitavelmente, a morte.

*Renan Lima é editor do Audiovisueiros
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